segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Privatizações. Empresas brasileiras querem ANA,TAP e Estaleiros Navais

São companhias privadas e o financiamento já está garantido por bancos públicos. Os sectores são estratégicos para o Brasil



O Brasil vai continuar a participar no processo de privatizações português. A garantia é dada pelo embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, que desvaloriza a perda da EDP. “Há outras empresas onde, aí sim, pode existir um interesse estratégico, como a TAP, a ANA ou os Estaleiros Navais”, diz.
Mário Vilalva explica que nestes casos existe uma convergência de interesses estratégicos entre os dois países. “O que acontece é que as empresas brasileiras que vão candidatar-se são empresas privadas e o governo brasileiro tem os seus limites sobre como ajudá-las. Mas vai fazê-lo, dentro das suas possibilidades. Aliás, a presidente Dilma Rousseff já declarou que o BNDF, o banco de fomento brasileiro, que é um dos maiores do mundo, já está pronto para financiar a participação das empresas brasileiras no processo de privatização das empresas portuguesas, por orientação do governo. Isto significa que, se amanhã uma empresa privada brasileira vier a participar e a vencer um desses leilões, o BNDF financia.”
Caem assim por terra os rumores que davam como arrefecida a participação de empresas brasileiras no processo de privatizações, depois de a proposta da Electrobras e da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) ter sido preterida na venda da EDP.
“A EDP não era estratégica para o Brasil. É uma empresa bem estruturada, que actua sobretudo na área das renováveis, e poderia, se viesse a ser comprada, somar-se às empresas brasileiras – até porque já opera no mercado brasileiro”, reconhece o embaixador.
“O nosso interesse era participar, o nosso projecto industrial era muito bom, talvez o melhor, segundo dizem os técnicos, o nosso preço ficou entre a proposta alemã e a chinesa... O que aconteceu foi que houve uma decisão no Brasil no sentido de só participar se pudessemos adquirir um pouco mais do que estava a ser oferecido”, diz Mário Vilalva, que acrescenta: “Como isso não se verificou, a proposta brasileira não foi aceite”.
“Havia no Brasil um certo temor de que a participação maioritária não significasse propriamente segurança para os accionistas brasileiros no que diz respeito à orientação estratégica da empresa, a poder mandar. Queríamos um número de acções que pudesse garantir a gestão da empresa sem que, em algum momento, fossemos questionados pelos restantes accionistas”, conta o embaixador.
O interesse na Galp é diferente. “Não é uma empresa que, claramente, pudesse interessar do ponto de vista da participação accionista. Ela interessa-nos, e muito, como parceiro comercial.” Tanto assim, que a Petrobras, a companhia petrolífera brasileira, tem vários negócios com a Galp “e terá mais ainda no futuro”, afiança Mário Vilalva. “Estamos a construir uma refinaria importante no Nordete do Brasil que, provavelmente, vai produzir diesel, que será vendido à Europa e escoado via Portugal e via Galp. Este é o típico acordo comercial de duas empresas. Mas participar enquanto accionista não se justifica.”
O Brasil passou por um processo de privatizações muito semelhante ao que Portugal está a iniciar e também durante o período de ajuste fiscal, no qual algumas empresas portuguesas investiram. Hoje, não há arrependimentos: “Estas medidas são adoptadas em determinada altura porque é exactamente aí que são necessárias, não vale a pena pensar diferente”, diz.
Por Isabel Tavares, publicado em 30 Jan 2012 - 12:17

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